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Uma Renascença renascida

Terça-feira, 06.12.16

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Desde sempre um amante fascinado pelo fenómeno da rádio, em boa hora me chamou à atenção a nova dinâmica evidenciada pela Rádio Renascença que vem transformando não só a sua grelha de programação, mas a sua estratégia de comunicação: agora, o principal canal do Grupo Renascença parece finalmente interessado em alcançar um público cosmopolita que, sem preconceito contra a religião católica, procura estar a par da agenda política económica e social do país. Apresentando de forma muito dinâmica nos períodos de prime-time conteúdos de índole informativa, com notícias, transito, desporto, comentários e entrevistas a propósito dos temas candentes de sociedade e agenda política nacional e internacional, intercalados com apontamentos de música mainstream nacional e anglo-saxónica, a rádio Renascença assume por estes dias um posicionamento inédito, renovado e comercialmente afoito. Mas se essa mudança é a principal novidade desta rádio que se prepara para festejar os oitenta anos de existência, não menos interessante é de assinalar a inclusão nos radio-jornais de notícias de relevância sobre a Igreja com sintéticos comentários de especialistas, que assim, numa forma natural abrange um público muito mais alargado - e não apenas os cristãos convertidos, como antigamente sucedia, em pesados programas a eles destinados. Tudo isto parece-me tanto mais interessante quanto, em termos relativos, a rádio vem ganhando relevância no meio do modelo clássico de broadcasting e do jornalismo tradicional em acentuada decadência em virtude da sua inadaptação ao fenómeno da Internet e do advento dos média sociais. Não deixa de ser interessante que perante este panorama bastante adverso, a rádio apresente valores de audiência diária acima de 50% por cento da população (54,4% de "Audiência Acumulada de Véspera" segundo dados de Setembro último da Marktest é o número ou percentagem de indivíduos que escutaram uma estação, no período de um dia, independentemente do tempo despendido). E não deixa de ser curioso que o Grupo Rádio Renascença, uma rádio católica, dispute a liderança das audiências com 35,4% de share com o Grupo Média Capital com 35,5%. De resto, curioso parece-nos também o confronto entre a Radio Renascença que ostenta 8,2% de share contra os 5,7% da Antena 1 e os 2.9% da TSF, estações suas concorrentes directas.

Estes números significam uma responsabilidade acrescida que pesa sobre a Emissora Católica Portuguesa de se posicionar de forma consequente no espectro de oferta radiofónica nacional como uma verdadeira alternativa à fórmula laicista, relativista e politicamente enviesada com que a generalidade dos média de referência lêem o Mundo e a sua complexidade. Parabéns à Rádio Renascença, e que lhe não aconteça o fenómeno do árbitro que confrontado com a tarefa de arbitrar um desafio que envolva o seu clube de eleição, para calar as dúvidas sobre a sua isenção, acaba favorecendo o adversário.

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publicado por João Távora às 15:21

A taxa Google - deixem o mercado funcionar!

Quarta-feira, 17.12.14

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Este braço de ferro que alastra por diversos países da Europa entre os governos e os grupos de média contra o gigante Google a quem se exige pagamentos pela indexação de notícias parece algo caricato. Veja-se o que aconteceu aqui ao lado nas terras de nuestros hermanos: o governo de Rajoy, pressionado pela Associação de Editores de Jornais Espanhóis criou um pagamento conhecido por ‘taxa Google’ em que por cada conteúdo partilhado no Google News, mesmo que seja só o título da notícia, o gigante da informática teria que pagar à fonte. Como consequência, o fim do serviço foi anunciado pela Google espanhola, o que prenuncia incalculáveis prejuízos para os jornais do país vizinho, já que este do agregador de notícias constitui de longe o mais eficiente gerador de tráfego, que é aquilo que os meios necessitam para viver. 

Repare-se nas movimentações dos burocratas de Bruxelas como Carlos Zorrinho (pessoa tão experimentada na vida empresarial e na criação de riqueza) a reclamar o retalhe do gigante americano em várias empresas ou na promoção de um motor de busca europeu que os consumidores não pediram.
A questão não estará antes em perceber o porquê da Europa se ter deixado ultrapassar em tantos sectores da economia e agir na raiz do problema? Porquê esta sede de intervencionismo no lugar da regulação? Porque não deixar o mercado funcionar, a receita responsável afinal pelo nascimento e crescimento do gigante mundial Google? 

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publicado por João Távora às 18:35

150 Anos do Diário de Notícias

Domingo, 03.08.14

Na leitura de “As Vantagens do Pessimismo” do filosofo britânico Roger Scruton chamou-me a atenção a antiguidade da escola secundária High Wycombe Royal Grammar School, frequentada pelo autor, estabelecimento de ensino público (gratuito) fundado em 1542 em High Wycombe, Buckinghamshire.  A questão remete-me para o significado e importância da longevidade das instituições e só a título de exemplo, através de consulta rápida na Internet, descubro que a fundação Banco Barclays e a águia representada como seu logotipo ascende ao ano de 1690 e que a origem do reputado semanário londrino The Spectator remonta a 1711.
A resiliência de instituições, organismos e empresas reflecte muito sobre a comunidade de que emanam, e o facto é que em Portugal é corriqueiro que se extingam e substituam a recomeçar zero numa vertigem parola como se não houvera ontem. Irónico como a bandeira do nosso País de quase 900 anos de história tem pouco mais de 100 anos e que, por exemplo, a nossa rádio nacional hoje “Antena um” já tenha mudado de nome e de imagem vezes sem conta desde a sua criação como Emissora Nacional em 1935.
Tudo isto vem a propósito não das consequências da crise do BES, mas das celebrações dos 150 anos que o Diário de Notícias irá completar no final do mês de Dezembro e que, a par com o jornal Açoriano Oriental (1835) e o semanário Aurora do Lima (1855), são os últimos títulos centenários resistentes. Admirador confesso da marca que me habituei a conviver de tenra idade em casa dos meus avós, tenho a confessar que por estes dias já só leio o DN aos Domingos, muito por causa das finas e humoradas crónicas de Alberto Gonçalves que os gritinhos histéricos do Pedro Marques Lopes na página do lado não conseguem ofuscar. Quanto ao mais fui deixando de acompanhar o jornal que na minha fantasia vejo como o tablóide de Viriato Soromenho Marques para quadros médios do funcionalismo público de Lisboa e arredores. Muito pouco para um jornal com tanta história, cujos dados mais recentes apontam para um acelerado declínio de vendas, apesar das diversas restruturações e operações de cosmética efectuadas nos últimos anos.
Tenho para mim que uma marca antiga e com tanta história como a que ostenta o Diário de Notícias possui, só por isso e apesar da crise, uma incalculável vantagem competitiva no mercado da comunicação social. A não ser que dentro daquelas paredes se não tenha sabido preservar e transmitir o capital de saber acumulado que deveriam conferir 150 anos de experiência. E que os seus actuais gestores não saibam merecer esse legado: o Diário de Notícias não é uma marca qualquer. 

 

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publicado por João Távora às 20:46

Os novos adamastores

Domingo, 20.07.14

Ontem numa crónica publicada no jornal Expresso a ilustrar uma investigação jornalística sobre a alegada política de exclusão de links no Google “a pedido” no âmbito da questão recentemente levantada pelo Tribunal de Justiça da União Europeia do pretenso “direito ao esquecimento”, o seu autor, Miguel Cadete, além de outros equívocos levanta suspeitas sobre a transparência utilizada na indexação de conteúdos daquele motor de busca. Vale-nos como desconto a declaração de interesses que o jornalista evoca ao assumir má vontade com a Google, companhia a que imputa responsabilidades na crise que “fustiga a imprensa há décadas”, com as conhecidas consequências no esforço de adaptação que vem exigindo ao sector.

Como apaixonado desta profissão que tenho como das mais nobres, conforta-me saber que os jornais perscrutam e vigiam toda a sorte de poderes e particularmente uma grande empresa como a Google. Sensível às angústias enunciadas pelo cronista, não posso concordar de todo com as suas crenças e julgamentos, certamente motivados pelo medo, um sentimento o mais das vezes inspirado pelo desconhecimento. Nesse sentido, convém esclarecer que o facto de o motor de busca Google “não ter praticamente concorrência”, como refere Miguel Cadete, se deve ao seu complexo algoritmo, exclusivamente indexado à necessidade e proveito do utilizador e não a qualquer tipo de manipulação obscura. Tal implica que, por exemplo,  a sua independência face ao negócio da publicidade constitua um valor crucial e sagrado: os links patrocinados (AdWords), a tal publicidade que segundo o cronista significa “um dos maiores negócios do mundo” (!), aparecem graficamente distinguidos daqueles de indexação orgânica. Depois, agitar o papão duma hipotética utilização abusiva dos dados (interesses) que plataforma Gmail capta nos conteúdos das mensagens para exibição de publicidade “dedicada” (AdSense), parece-me uma falácia, já que a não intervenção humana, para lá de questões éticas, é a única garantia de rentabilização do sistema. Ou seja, o tratamento racional (humano) e sistemático da informação, utilizador a utilizador, requereria uma astronómica quantidade de meios. Não saberá por certo o autor da crónica que o navegador desenvolvido pela Google (Google Chrome) permite configurar o bloqueio de publicidade ou eliminar o registo do histórico de navegação, e que a georreferenciação do utilizador (um dado muito útil em determinadas pesquisas) é meramente opcional.

A maior ameaça ao jornalismo continua a ser o mau jornalismo (seja ele fruto de sectarismo, preconceito ou ignorância), e não deixam de se verificar diariamente lançamentos de novos e ambiciosos projectos de comunicação social que aproveitam as oportunidades concedidas pelas novas tecnologias. Os desafios que estes tempos da Internet colocam à imprensa e à comunicação social em geral, por mais ameaçadores que aparentem ser, têm que ser enfrentados com criatividade e pragmatismo. E quanto a uma regularização racional dos preços da publicidade online e offline, há certamente muito a mudar e reformar pelas partes interessadas, principalmente aquelas que se mantêm presas a arquétipos ultrapassados. Finalmente os motores de busca, como eficazes instrumentos de propagação de conteúdos digitais que são, deverão ser assumidos de uma vez por todas, não como uma ameaça aos jornais mas como uma oportunidade: o factor mais decisivo para uma relevante posição nas pesquisas é a qualidade do conteúdo e a interacção que o mesmo potencia com o leitor. Se eu fosse jornalista considerava tudo isto boas notícias. 

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publicado por João Távora às 15:46

Desespero de Causa?

Sexta-feira, 03.05.13

 

Percebe-se o desespero dos jornais “de referência” em perda constante de vendas e publicidade a tentarem tirar o mais rendimento possível das suas edições online, mas julgo que é contraproducente a forma extremada e intrusiva como alguns destacam os anúncios. Para o jornal e para o anunciante. 

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publicado por João Távora às 15:52

Expresso - 40 anos

Sábado, 05.01.13

Ontem numa reportagem na SIC notícias a respeito do 40º aniversário do Expresso, o seu director Ricardo Costa arrogava esfusiante o seu jornal como o semanário dos “Sábados amargos” (subentendidamente de Miguel Relvas), assumindo que o seu papel é de contrapoder, nas suas palavras de “contrabalanço dos abusos dos excessos que a democracia proporciona”. Perece-me óbvio que ao contrário de se pretender contrapoder (um papel que a oposição em geral e o Bloco de Esquerda em particular exerce com requintada competência) cabe a um jornal sério investigar a verdade, seja ela a favor ou contra “o Poder”. Aliás acontece que a Comunicação Social constitui em si um disputadíssimo Poder, o quarto como se lhe usa chamar, e talvez não fosse má ideia incluir os sucessos e insucessos da História no seu balanço de aniversário. Sobre esse ponto de vista e nesta altura do campeonato, talvez Ricardo Costa e Nicolau Santos não tenham assim muitas razões para tanta euforia.
Na edição de aniversário deste histórico hebdomadário nacional - que como bem salienta Henrique Raposo na sua coluna, se confunde com o actual regime - uma das melhores crónicas está escondida na página 53 em forma de carta, pela pena de António Barreto. A determinada altura reza assim: (…) Um semanário tem mais responsabilidades na actividade de “desvendar” os factos opacos ou “misteriosos” do que os diários ou as televisões. Muito do que se passa na sociedade e na política é totalmente incompreensível se não for devidamente tratado e esclarecido. As causas concretas da dívida portuguesa e o deficit dos anos 2005 a 2013, por exemplo ainda estão hoje razoavelmente encobertas. (…) Toda a comunicação social está orientada para o espectáculo e encenação, quando não para a propaganda. É indispensável contrariar essa tendência, o que já se percebeu em Portugal não acontecerá com os Diários, muito menos com as televisões.
É aqui que está o busílis da questão. Estranho, de facto, como um tão atendo e sofisticado “contrapoder” como o Expresso, tenha atravessado a última década de ruina num plano inclinado de indolência e alienação, quando não em absoluta cumplicidade com as oligarquias conservadoras (dos seus crescentes privilégios) que nos trouxeram a este trágico desígnio.
Neste dia em que se celebram quarenta anos do mais reputado jornal deste País que se afunda numa das mais graves crises da sua História, seria aconselhável, ao invés de estéreis troca de gabarolices e de galhardetes entre os seus protagonistas, uma séria análise de qual deverá ser o seu papel no futuro, se ser agente activo no jogo de recados da baixa intriga sectária e fulanista, ou reabilitar o merecimento do seu histórico estatuto nobiliárquico, coisa que sem uma clara mudança de estratégia, se ficará como isso mesmo: um estatuto, que o arruinado e excêntrico fidalgo levará para a sepultura do esquecimento. 

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publicado por João Távora às 18:00

O haraquíri do jornalismo

Quarta-feira, 26.12.12

 

O caso Baptista da Silva é todo ele uma irónica parábola sobre a crise que por estes dias perpassa e se agudiza nos media tradicionais. É curioso como o burlão, promovido por um jornalista de nomeada de um semanário de referência nacional não tenha sido denunciado pelas “convenientes” intrujices que proferiu em vários palcos, mas antes pela descoberta do seu falso curriculum. Como sempre em Portugal o que conta é o estatuto.
Numa altura em que através das novas plataformas “sociais” tanto a opinião e análise de qualidade quanto a gestão de agenda politica ou corporativa se autonomizam cada vez mais dos meios de comunicação institucionais, não tenho dúvidas que a prazo poucos deles resistirão no actual modelo de gestão. Apenas irão sobreviver os que fundarem a sua actividade na excelência do profissionalismo, reflectindo os factos de forma isenta, analisados por atentos e meticulosos peritos, que sejam capazes de aferir discursos coerentes ou contestar raciocínios viciados ou cálculos mentirosos. Para alimentar conversas de café e amplificar bitaites sectários, já há para aí batalhões de blogues e ávidos activistas das redes sociais. Deixar-se seduzir e enredar nesta lógica é simplesmente o haraquíri do jornalismo. 

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publicado por João Távora às 17:23

A publicidade e a crise na comunicação social

Sexta-feira, 23.11.12

 

(...) A publicidade segue o caminho de sites como a Amazon, que sugere compras de acordo com o perfil de consultas e compras anteriores. Todavia, não é a mesma coisa que a publicidade quanto ao carácter social intrínseco desta. A publicidade deixa de agir como os próprios conteúdos informativos, que continuam a ser destinados a todos os que os contactam e passa a apresentar-se como uma mensagem pessoal. 

A perda de publicidade pelos media tradicionais também se poderá acentuar pelo escolha de meios de acesso alternativos. Por exemplo, apesar de aumentar na Internet o número de leitores de notícias de alguns dos maiores jornais norte-americanos, diminuiu em 3% num ano o acesso através das respectivas homepages: o contacto e leitura faz-se através de redes sociais e outras formas de comunicação, como o e-mail.

Será que, numa evolução semelhante, avançaremos para notícias à medida do receptor e que cada um receberá uma homepage diferente do New York Times ou do Jornal de Negócios? Onde estará então a autoridade dos media em hierarquizar as notícias segunda a sua importância jornalística e em apresentá-las na sua globalidade a toda a audiência? Para onde caminhará o agenda-setting? São questões para o jornalismo. (...)

 

Eduardo Cintra Torres, - Jornal de Negócios aqui na integra

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publicado por João Távora às 09:44

Comunicação política

Terça-feira, 17.07.12

 

A não perder na Quinta-feira este debate organizado pelo Instituto Amaro da Costa sobre sobre as boas práticas nas relações entre a Política e a Comunicação Social, com a presença de Carlos Magno, Presidente da Direcção Executiva da ERC e Joaquim Vieira Presidente do Observatório da Imprensa.

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publicado por João Távora às 15:40

Qual a força da comunicação social?

Quinta-feira, 31.05.12

 

Certo é que Passos Coelho ao ter segurado o seu amigo Miguel Relvas comprou ontem no Parlamento uma guerra com o "Público" e com o Grupo Impresa em simultâneo, fardo no entanto bem menos pesado do que o de Cavaco Silva que, apesar duma proverbial má imprensa e “sem ler jornais”, ganhou duas maiorias absolutas e dois mandatos presidenciais.  

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publicado por João Távora às 12:23





Editorial

Gostamos da palavra propaganda, termo velhinho que, simplificando, antigamente definia sem complexos o conjunto de técnicas para publicitar uma ideia. Com o tempo, o termo muito utilizado pelos políticos numa conturbada fase do Século XX resistiu mal ao desgaste pelo sentido que assim se lhe deturpou: como se, realçar as virtudes próprias ou dum objecto, não fosse ambição e atitude legítimas, praticada por qualquer ser humano psicologicamente equilibrado e socialmente integrado. Ler mais

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