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O Expresso diário, outra vez

Domingo, 13.07.14

 

Não sou de intrigas, mas causa alguma estranheza o facto do Expresso quase dois meses após o lançamento do seu vespertino diário em rede lhe ter dedicado no sábado em publicidade nada menos que a capa e a página 2 integrais do caderno principal (a artilharia pesadíssima). Como referi pela altura da sua estreia, este ambicioso projecto, que na sua arquitectura rejeita todas as virtualidades duma publicação digital, e ao contrário pretende reproduzir o modelo de leitura oposto, o de uma revista em papel, tem tudo para não dar certo. Esta fórmula que se afirma “elitista” e nesse sentido rejeita todas as tendências actuais, concede-lhes a contra-gosto apenas os mínimos possíveis. Para mais, o acesso através de alguns dispositivos em miniatura, com o preenchimento com os códigos de acesso fornecidos no semanário, revela-se um verdadeiro castigo ou até uma impossibilidade. Mas o mais importante factor será o de que a disponibilidade para a utilização recreativa da internet não tem hora marcada e que o modelo de navegação “horizontal” ao estilo do papel coaduna-se pouco com os hábitos de navegação na internet. Perante este panorama somos levados a crer que o projecto do Expresso diário, que aparenta ter constituído um grande investimento em recursos tecnológicos, deverá ser revisto para sobreviver.  

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publicado por João Távora às 19:42

Da sobrevivência do jornalismo

Terça-feira, 20.05.14

Estas últimas semanas foram agitadas no universo da imprensa portuguesa que, como no resto do mundo desenvolvido evidencia uma tão prolongada quanto funesta inadaptação a um novo modelo de consumo de informação emergente da Internet. O anúncio do lançamento do projecto Observador, um jornal de linha editorial definida, integrando um corpo redactorial com nomes consagrados do jornalismo e da opinião como David Dinis, José Manuel Fernandes, Helena Matos, João Cândido da Silva, ou o historiador Rui Ramos, terá acelerado o processo de renovação no projecto digital do jornal Expresso que perante isso se antecipou não só com o lançamento de um inédito vespertino online, mas, last but not the least, ostentando grandes melhorias na navegabilidade, arrumação e adaptabilidade gráfica aos diferentes suportes electrónicos móveis. 
Assim, ao atrevimento do Observador, publicação que se assume como um projecto jornalístico online de conteúdos inteiramente abertos e interactivos com o leitor e as redes sociais, corresponde uma não menos audaciosa aposta do Expresso num modelo de sinal contrário, de acesso pago e num formato de leitura horizontal, reproduzindo uma experiência de leitura à maneira do papel. Munidos que estão, ambos os projectos, de um equipa editorial de grande qualidade, têm pela frente um difícil desafio de afirmação, se não perante os respectivos públicos, certamente pelos anunciantes e patrocinadores único garante da sua viabilidade a longo prazo. Nesse sentido custa-me a entender o modelo algo conservador assumido pelo Expresso, em confonto assumido com o incontornável poder disseminador das redes sociais e plataformas de auto-edição, e também pela assunção de um estranho formato de “vespertino” com horário de publicação à hora certa (às 18:00) claramente contranatura numa plataforma cujo potencial é a actualização contínua de conteúdos em tempo real. Ou seja, este modelo de negócio dá ideia da contrariedade que representa para o velho e institucional jornal Expresso o esforço de adaptação à era da democracia digital que afinal se suporta na agilidade dos meios e na interactividade com o leitor. No entanto estou em crer que é esse distintivo “aristocrático” que lhe vale um público certo, as elites regimentais, quadros médios e superiores do Estado, das grandes corporações e empresas que à volta dele gravitam: o jornal de Balsemão afirmou-se após o 25 de Abril como a bíblia do establishment da esquerda social-democrata e politicamente correcta cujo espaço afinal todos os outros generalistas lhe disputam. 
Sob essa perspectiva é que o Observador nos surge como uma verdadeira pedrada no charco, um autêntico atrevimento: mesmo munido da melhor tecnologia, reunida uma bem calibrada equipa, um projecto editorial criado de raiz para a Internet, financiamento transparente e linha política sem equívocos; mesmo exibindo tudo isso e bons conteúdos num desenho elegante e ergonómico, tendo em conta um público habituado a exigir qualidade à borla e um mercado publicitário desajustado, é de esperar para o projecto de José Manuel Fernandes um duro caminho de pedras. 

 

PS.

Muito inteligente a fórmula escolhida para a “newsletter” de O Observador: duas vezes por dia em texto normal, sem poluição visual, entra na caixa do correio como se tratasse de uma mensagem particular, aborda os principais temas publicados nas últimas horas numa linguagem informal e assinada pelo redactor de serviço.

 

Ilustração: daqui

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publicado por João Távora às 21:22

O haraquíri do jornalismo

Quarta-feira, 26.12.12

 

O caso Baptista da Silva é todo ele uma irónica parábola sobre a crise que por estes dias perpassa e se agudiza nos media tradicionais. É curioso como o burlão, promovido por um jornalista de nomeada de um semanário de referência nacional não tenha sido denunciado pelas “convenientes” intrujices que proferiu em vários palcos, mas antes pela descoberta do seu falso curriculum. Como sempre em Portugal o que conta é o estatuto.
Numa altura em que através das novas plataformas “sociais” tanto a opinião e análise de qualidade quanto a gestão de agenda politica ou corporativa se autonomizam cada vez mais dos meios de comunicação institucionais, não tenho dúvidas que a prazo poucos deles resistirão no actual modelo de gestão. Apenas irão sobreviver os que fundarem a sua actividade na excelência do profissionalismo, reflectindo os factos de forma isenta, analisados por atentos e meticulosos peritos, que sejam capazes de aferir discursos coerentes ou contestar raciocínios viciados ou cálculos mentirosos. Para alimentar conversas de café e amplificar bitaites sectários, já há para aí batalhões de blogues e ávidos activistas das redes sociais. Deixar-se seduzir e enredar nesta lógica é simplesmente o haraquíri do jornalismo. 

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publicado por João Távora às 17:23

Propaganda e poder

Quarta-feira, 21.11.12

 

Ironia nestes tempos de tecnologia e falência de jornais é o poder que mantém uma manchete assertiva exposta num escaparate de quiosque.

 

Foto Instagram

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publicado por João Távora às 11:48





Editorial

Gostamos da palavra propaganda, termo velhinho que, simplificando, antigamente definia sem complexos o conjunto de técnicas para publicitar uma ideia. Com o tempo, o termo muito utilizado pelos políticos numa conturbada fase do Século XX resistiu mal ao desgaste pelo sentido que assim se lhe deturpou: como se, realçar as virtudes próprias ou dum objecto, não fosse ambição e atitude legítimas, praticada por qualquer ser humano psicologicamente equilibrado e socialmente integrado. Ler mais

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