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O risco de democratizar o iPhone
Quando a Jaguar foi comprada pelos indianos da Tata Motors, o mercado daquela que era uma marca de luxo britânica cresceu, com clientes fascinados com o facto de poderem ter este carro por um preço mais competitivo. O reverso da medalha foi, como se sabe, que muitos outros que já tinham optado por esta marca há décadas e que nela confiavam, venderam os seus carros. Porque não confiaram na inovação indiana, porque consideraram esta venda um crime de Lesa Magestade ou porque, pura e simplesmente, não queriam ser confundidos com o “povo” ou os “novos-ricos” que passaram a comprar Jaguar.
Lembrei-me desta história ao ler a notícia que a Apple anunciou que irá lançar no mercado uma versão mais barata do popular iPhone, com 8GB, ao invés dos 16GB ou 32 GB, destinado fundamentalmente para os mercados emergentes (leia-se China).
Steve Jobs não quer perder o potencial de milhões de clientes que, fascinados com o telemóvel gadget do momento, optem por adquirir a versão mais acessível.
É uma opção de marketing, válida como outra qualquer. Mas, claro está, que isto coloca vários problemas. E a história mostra que nem sempre esta estratégia corre bem.
Steve Jobs pode passar a ter novos clientes, é verdade. Mas quantos antigos não ficarão pelo caminho porque o iPhone deixou de ser um produto de elite?
Já para não falar que, se o preço for, de facto, muito competitivo, porque razão a Apple tem pedido fortunas pelas várias versões do iPhone? O consumidor pode ir atrás de modas, mas não gosta de se sentir enganado.