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Dia mundial da poupança, ou dia nacional da racionalidade
Neste dia mundial da poupança foram vários os artigos, entrevistas, alvitres e juízos sobre o modo como podemos aforrar e economizar os nossos parcos recursos financeiros. Nesse discurso reconhece-se uma pedagogia dum certo retorno ao essencial, repetida sob diversas formas e perspectivas, numa abordagem em que, face às circunstâncias depressivas da economia portuguesa, faltou ressalvar o essencial: o consumo em si não é coisa ruim, o que falta essencialmente é a promoção de racionalidade e critério. Recomendar aos portugueses comerem em casa em vez de irem ao restaurante, incentivar-se mecanismos de troca de bens reutilizáveis são boas soluções de recurso, mas a estratégia levada ao extremo significa uma fatal paralisia da economia. Se é fundamental que os portugueses sejam mais previdentes na gestão da economia doméstica ou empresarial, também é importante a procura e descoberta de novas e criteriosas soluções num mercado que irá mais cedo ou mais tarde adaptar-se à dura realidade: pressente-se já não só alguma redução de “margens”, mas tentativas criativas de marketing tendo em vista novas prioridades e perfis de consumo. O cliente já não procura apenas a relação qualidade / preço, mas vê-se obrigado a ponderar a relação necessidade/potencialidade de cada produto / serviço. No entanto persistem por aí marcas, serviços e produtos sustentando inflacionadíssimas estruturas físicas e humanas além de tão dispendiosos como descalibrados orçamentos de comunicação.
Perante a grave crise que atravessamos, a palavra de ordem neste Dia Mundial da Poupança deveria ter sido: despenda com inteligência, consuma nacional, na qualidade adequada pelo valor que esta realmente merece. Esse sim seria um decisivo incentivo ao profissionalismo de mérito, a empresas e mercadorias com valor acrescentado produzidos com inteligência e recursos racionalizados. Gastar bem é a melhor forma de poupar, e carpir é decididamente a mais estúpida forma de desbaratar energias.