propaganda
Um blogue sobre comunicação inteligente
Desinfoxicar para comunicar
“Em cada dia de 2012, o mundo produziu, mais informação escrita do que toda aquela que existia antes de 2003.” Como se não bastassem os crescentes desafios e aflições que nos impõe o ajustamento económico global, vemo-nos inquietados por esta parangona dum artigo do Jornal de Negócios. Nele se faz referência aos efeitos colaterais da nossa Era Digital que democratizou e desintermediou definitivamente a comunicação. A isso chamou Alfons Cornellá, especialista espanhol em tendências da informação, “infoxicação” um neologismo que é a mescla das palavras “informação” e “intoxicação” salientando assim o seu efeito perverso.
Tanto ou mais do que os efeitos psicossomáticos causados às pessoas que têm dificuldade em desligar-se da constante torrente de informação, se é certo que o fenómeno implica o desenvolvimento de novas competências na pesquisa e filtragem dos dados, interessa-nos aqui salientar o desfio que este coloca aos emissores a descobrirem e actualizarem fórmulas de se fazerem escutar pelos seus públicos-alvo.
Isto só é possível com uma valorização do trabalho profissional nas disciplinas da comunicação e do marketing, no constante aprofundamento do estudo, sério e competente dos mercados e das suas tendências, para a concepção das fórmulas adequadas de conferir credibilidade e atractividade à informação veiculada, que soe cristalina a quem a procura ou dela tenha necessidade.
Da monstruosidade dos números mencionados no início deste texto, desse susto ao final do dia racionalizado, creio sinceramente que apesar de tudo o mundo é hoje mais transparente, que somos todos de facto mais livres.
Autoria e outros dados (tags, etc)
1 comentário
De João Rebocho Pinto a 19.01.2013 às 12:38
A questão é que, no "apesar de tudo" que refere, pesa a infoxicação do Cornellá que citou muito a propósito. Ora, infelizmente, entre esta infoxicação e outros efeitos que não se esgotam nos psicossomáticos, existe muito pouca margem de manobra para se afirmar assim tão ousadamente, diria, que o mundo é hoje mais transparente ou que somos (todos???) mais livres.
E não, não acredito que a comunicação se tenha democratizado e desintermediado assim tanto... bem pelo contrário, na minha opinião. Aliás, o Tony Judt em "Postwar" chama indirectamente a atenção para o problema, apesar de não ser esse o escopo da obra. Grosso modo, ele chama a atenção para o facto de não existir uma correspondência directa entre o consumo de tecnologia de comunicação e informação e níveis efectivos de consciência cívica e política, mas também de massa crítica em geral. Exemplos que ele adianta? Países do Leste da Europa... e Portugal! O argumento é mais espesso do que esta redutora referência que lhe acabo de fazer, mas fica o essencial da minha ideia.
Quanto à valorização do trabalho profissional nas disciplinas da comunicação e do marketing, trata-se de um objectivo em si mesmo inquestionável, mas que não pode ser dissociado da valorização das restantes áreas do conhecimento, sob pena de nada valer ou poder valer...
Um abraço!