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Fake News

Quinta-feira, 07.03.19

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Não sei até que ponto a recente mania das "Fake News" corresponde à do demonizado "boato" que nos tempos do PREC os revolucionários combatiam com o denodo de um censor soviético. Também não sei onde nasciam esses boatos, se nos gabinetes dos políticos, nas messes dos oficiais do MFA, ou na praça pública, fervilhante daquilo a que hoje se chamam “activistas”, imbuídos de sua natural vertigem sectária. Hoje como sempre, o controlo da "revolução" passa pelo domínio da narrativa, e essa pretensão é o perigo que mais devemos temer. A diabolização das redes sociais e dos fenómenos daí emergentes insere-se nesse âmbito, e revela a velha tentação censória do “discurso” dominante, das “elites” instaladas. A pressão exercida por elas, aliás, vem dando resultados, e nota-se bem por estes dias uma mudança no algoritmo das grandes plataformas em rede que ultimamente vem favorecendo os conteúdos dos media tradicionais (no Facebook essa experiência é claríssima). 

Acontece que “notícias falsas” sempre existiram e existirão. As fronteiras da propaganda com o exagero ou a mentira sempre foram difusas – a propaganda é uma arma de guerra, um inestimável instrumento da luta política. O actual incómodo com as "Fake News" está na sua democratização e na perda do seu controlo, digamos, “institucional”: com o advento das redes sociais e da facilidade de auto-edição (sem intermediação), toda a gente pode ser um agente criador ou disseminador de aldrabices ou, pior ainda, de meias-verdades. Mas não nos esqueçamos nunca que a isso, quer se goste quer não, corresponde a um acréscimo de liberdade. A liberdade de, por exemplo através dum blogue como este, se conseguir confrontar os poderes instituídos (onde se inclui o jornalismo) com interpretações alternativas aos factos em discussão. O meu ponto é este: no meio desta confusão de narizes das redes sociais a última coisa que devemos recear é a liberdade. Só com a liberdade o equilíbrio encontrará o seu caminho.

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publicado por João Távora às 11:10

O Facebook outra vez

Sexta-feira, 23.03.18

A campanha eleitoral de Obama em 2012, para ganhar a Mitt Romney, utilizou os dados disponíveis pelo FB para identificar 15 milhões de eleitores susceptíveis de votar no candidato. Na altura, bem nos lembramos das loas tecidas às democráticas redes sociais pelos mesmos que hoje rasgam as vestes indignados com o "lapso" ocorrido com os metadados que “permitiram a manipulação” dos eleitores a favor de Trump com anúncios "direccionados".

A vantagem da utilização do Facebook em termos comunicacionais é permitir-nos com recursos financeiros razoáveis direccionar a comunicação a um público-alvo determinado, do ponto de vista etário, geográfico e para um certo perfil de interesses. Por exemplo, em tese, o seu algoritmo permite à Juventude Monárquica de Lisboa direccionar as suas publicações para um público “amigável” e circunscreve-las à região da Grande Lisboa e um grupo etário definido com uma margem de erro aceitável. Considerar isto um problema ou uma a ameaça à privacidade das pessoas é uma enorme saloiice, uma paranóia quase infantil.
É evidente que quanto maior forem as empresas mais elas deverão ser escrutinadas, e o Facebook deve ser obrigado a um especial cuidado com a informação que recolhe dos seus utilizadores e a sua utilização deve ser devidamente regulada. Em Portugal, por exemplo, a publicidade nas redes socias e nos media em geral é proibida a partir de 90 dias das eleições.  

A quem serve o alarmismo criado à volta da questão? Pela minha parte não vejo qualquer problema com o tratamento do meu rasto na internet para que eu aceda com mais facilidade a determinados conteúdos ou produtos. Dá ideia que por vontade desta oligarquia puritana voltávamos aos anos 70, em que a propaganda eleitoral se cingia aos dois canais de televisão oficiais e umas românticas noitadas a colar cartazes nas paredes. A quem interessa um poder central a definir o que são notícias verdadeiras ou falsas?

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publicado por João Távora às 08:54

Alienação e pós-verdade

Terça-feira, 16.05.17

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 Um sinal de alerta foi como senti quando há uns dias o meu filho de dez anos me manifestou o seu espanto e incredulidade por causa de umas imagens impressionantes que passavam no telejornal da tomada duma posição ao DAESH pelo exército iraquiano – “mas afinal existem guerras de verdade?” Fiquei com a sensação de que para o miúdo as guerras eram coisas do passado ou então entretenimento para os videojogos. Acontece que hoje em dia, por mais que os pais tentem convocar o Mundo para a mesa de jantar, os miúdos crescem dentro de um aquário mediático, a ver desenhos-animados em canais temáticos, a seguir os seus ídolos do Youtube a dizerem umas banalidades a propósito dos temas da moda ("youtuber" é o termo que define as estrelas que aglutinam multidões de seguidores nesta plataforma de vídeos auto-editados) e a brincar com jogos de consola, completamente a leste do mundo real. E não me parece que estejamos a poupar as crianças à crua violência: ela tornou-se um “bem de consumo” extremamente realista e brutal na forma dos jogos virtuais e nas séries e filmes de TV. É nesse sentido que sou levado a intuir que, com tanta tecnologia, além de mais preguiçosas, as novas gerações ficam a perder mundividência. A minha geração quando era criança, condicionada a dois canais de televisão e a pouco mais de meia hora por dia de programas infantis, era pedagogicamente obrigada a espreitar para o mundo dos adultos - certamente não muito atractivo. Além dos noticiários que espreitávamos mais ou menos involuntariamente, à segunda-feira levávamos com teatro clássico, à quarta havia “Noite de Cinema”, e em desespero, num domingo chuvoso até víamos o “TV Rural” enquanto esperávamos pela transmissão de um jogo de rugby ou duma corrida de Fórmula 1, já para não falarmos dos programas sobre a natureza e a bicharada. Mas principalmente, à minha geração era-lhe concedido o privilégio de longos momentos de “tédio”, que nos obrigava a fizermos acontecer alguma coisa, e nos dava muito espaço para exercitar a imaginação e para os livros.

Se é verdade que esta nossa era dos “media sociais” e dos canais temáticos e segmentados permite uma oferta muito alargada de informação e cultura (os blogs disso são exemplo), o outro lado da moeda é terrível. O completo alheamento da realidade. Sei por experiência própria como é difícil impingir aos jovens as preocupações e a consciência dos problemas e desafios complexos que grassam no mundo para lá do soundbite difundido pelas redes sociais. Nesse sentido desconfio que as novas gerações estão mais desprotegidas porque ausentes no menu dos “factos” que lhes interessam e das “verdades” que escolhem a cada momento consumir. Porque “a quem dorme, dorme-lhe a fazenda”.

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publicado por João Távora às 12:49

Redes Sociais: ainda bem!

Segunda-feira, 09.01.17

Quando o papel se tornou mais barato, por volta de 1860, apareceram por toda a parte milhares de jornais. Em Portugal também, e isso ao princípio foi um escândalo de grandes proporções. Em Lisboa e no Porto, havia dezenas. Mas cada distrito e quase cada concelho tinha um, ou por iniciativa local ou pago pelos partidos políticos. Pior ainda, para se atrair o público da pequena imprensa da província, os jornais de grande circulação passaram a contratar correspondentes nos mais remotos cantos do país. Milhares de pessoas enchiam diariamente toneladas de papel. De longe em longe, com boa prosa e notícias fiáveis; diariamente, com calúnias, impropérios e demagogia, em prosa de taberna. Como um todo, a imprensa era a versão primitiva de uma “rede social”. Ninguém se incomodava com isso, excepto os jornalistas que se davam excessiva importância. Num regime liberal (ou democrático), a necessidade de participar era geralmente reconhecida e até certo ponto respeitada. As “redes sociais” cobrem hoje muito mais gente. Ainda bem. O mal seria um público indiferente ou apático.

 

Vasco Pulido Valente no Observador

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publicado por João Távora às 11:27

Como a peste?

Sexta-feira, 30.12.16

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Emerge por estes dias um discurso catastrofista a propósito das "redes sociais", "pós verdades", "notícias falsas", "populismos" como se fossem novas pestes, o fim do mundo em cuecas. Assim se referiu a essas pragas José Pacheco Pereira que por motivos insondáveis adoptou nos últimos anos um discurso contra a realidade que teima em não o compreender. Quando certas personagens como Pacheco Pereira se insurgem contra as redes sociais e os perigos do anti-intelectualismo – todos ignorantes todos iguais, a minha leitura da realidade vale tanto como a tua - a coisa soa-me a ressabiamento e ciumeira pura.

Hoje foi a vez de Miguel Sousa Tavares, um tipo porreiro que não consta ser um perito em coisa alguma, antes pelo contrário, tecer na sua coluna do Expresso pela enésima vez um rol de lamúrias e alertas sobre os perigos e a perversão acrescida do conluio entre os jornais e os media sociais. As pessoas com a idade se não se cuidam podem tornar-se amargas, já se sabia.

Convém relativizar o alarmismo acicatado pelas vitórias “populistas” no seu confronto com o politicamente correcto veiculado pela imprensa tradicional em dificuldades. Afinal o populismo (veicular o que é popular) sempre existiu - vejam-se os casos extremos dos discursos do PCP e do Bloco de Esquerda ou do PS durante o resgate da Tróica –  e não é mais que o discurso fantasioso de conquista de popularidade àqueles que se quer apear e as notícias falsas simples munições de propaganda, a mais antiga profissão do mundo a seguir à outra - e Pacheco Pereira conhece-a bem. Mas se tudo isto são notícias más que perturbam os nossos tempos, a boa notícia é que elas sempre existiram sob outras capas e formas. Não nos consola nada, mas a ignorância e a imprevidência na interpretação da realidade é um problema antigo. Que o Mundo é um local perigoso e que a escolaridade não erradicou a ignorância também não é novidade. Está visto que “quando todos morrermos da peste só ficarão na Terra os próprios Sousa Tavares e Pacheco Pereira”*. Entretanto, eles que aproveitem bem o palco que têm para proferirem livremente as suas generalidades.

* Frase de João Villalobos, um perigoso propagandista no Facebook.

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publicado por João Távora às 19:40

Vamo-nos habituando

Segunda-feira, 20.07.15

Antes de qualquer noticiário das TVs tradicionais, o impressionante incidente entre um tubarão branco e o surfista Mick Fanning  durante o torneio de surf de Jeffrey's Bay, na África do Sul já circulava nas redes sociais pelo mundo fora através do canal Youtube da World Surf League. Em pouco mais de 24 horas o vídeo atingiu já 10 036 914 visualizações. 

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publicado por João Távora às 18:37

Resistir até à morte

Segunda-feira, 07.04.14

 

Já por diversas vezes abordamos as virtudes e virtualidades das redes de media-social no âmbito da facilitada tarefa de auto-edição, seja em texto, imagem ou audiovisual, e a ameaça que essas plataformas vêm representando para os media tradicionais de quem acabam por ser concorrentes.

Um dos mais bem-sucedidos casos é sem dúvida o Youtube que, com enorme sucesso global, vem desviando público e receitas publicitárias às televisões, através de uma radical alteração de paradigma na produção e distribuição de conteúdos, que desta forma vem sendo democratizada de forma dramática.

Irónico é verificarmos como os media tradicionais, apesar de pressionados com a queda das receitas publicitárias de um modelo claramente em declínio, resistem aderir à web 2.0, agora que vivemos a web 3.0, ou “web semântica”, virada para a experiência de utilização e para os condicionalismos do meio (localização do utilizador, equipamento utilizado, design líquido, etc.).

Feita uma análise aos “players” de internet das principais operadoras de TV nacionais, para lá de não estarem devidamente adequados aos dispositivos móveis, é curioso verificar como persistem na tentação de segurar o visitante dentro dos seus pesados websites, talvez devido a alguma absurda política de branding, ou quem sabe por um inadequado modelo de exploração publicitária ou de cross selling do material neles disponibilizado numa coerência editorial própria.

Com esta estratégia de custos incalculáveis, a disseminação viral dos vídeos é reprimida, coisa que não parece fazer sentido, a partir do momento que é tão fácil reproduzir a fórmula do Youtube, em que cada “filme” é rentabilizado por um anúncio nele integrado, estando o mesmo munido de um sistema de análise estatística e de botões emissores de códigos para facilitação de partilha em diferentes contextos web externos, como blogs, sites, e toda a sorte de redes sociais. Mesmo aqueles sites como o da RTP que disponibilizam botões de partilha, exceptuando o caso do código para o Facebook, exigem a contextualização do conteúdo “dentro de portas” através de um URL.

Esta estranha política, que não sendo causada por limitações técnicas, só se explica por uma enorme dificuldade dos media tradicionais fazerem o "paradigm shift" (mudança do paradigma), fenómeno que afinal vem potenciar toda a pirataria feita pelos utilizadores das plataformas social media como o Youtube, que pelas razões já enumeradas permitem potenciar a viralidade desses conteúdos dando-lhes asas.

Certamente que o factor de custos mais pesado na indústria do audiovisual é a criação de conteúdos. Ou seja, os grandes grupos de comunicação desenvolvem e possuem a matéria-prima, para depois descurar a sua difusão, e por consequência na sua rentabilização. Fará sentido resistir assim teimosamente até à morte, ou será que ainda pretendem um dia destes reivindicar subsídios ao Estado?

 

 com Hugo Salvado

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publicado por João Távora às 09:36

Facebook, uma rede de afectos

Domingo, 23.02.14

 

Dez anos passados sobre o surgimento do Facebook proponho uma abordagem diferente que não seja pela perspectiva dos mitos da privacidade e segurança ou dos proveitos profissionais e empresariais do âmbito das “relações públicas” que esta popular plataforma proporciona.
Não é despiciendo que a montante do fenómeno da adesão massiva a esta rede virtual se encontre a democratização da internet em banda larga, e não menos importante a sua portabilidade através dos mais variados dispositivos. Essa massificação remete-nos assim necessariamente para as zonas do planeta mais prósperas economicamente, e também não seria expectável que o Facebook não reflectisse a realidade sociocultural de que emerge, com toda a vulgaridade ou elevação que os seus indivíduos são capazes.
O facto é que as redes sociais proporcionaram o acesso simples das pessoas a diferentes círculos de pertença, que mesmo virtuais correspondem de alguma forma às suas expectativas, assim mesmo se sentindo mais interventivas em diferentes âmbitos e interesses, do familiar ao clube desportivo, até à associação política ou cultural. Se é verdade que pode ser perversa a ilusão de participação criada pela actuação virtual, não podemos ter a arrogância de pensar que as redes de "amizades" que cada utilizador recria através desta plataforma digital não proporcionem legítima e concreta realização afectiva. Por exemplo desde sempre que se partilham em diferentes círculos, profissionais e outros, fotografias das férias, dos netos ou de solenidades familiares, só que agora alargam-se os círculos e vencem-se distâncias físicas. Nesse sentido, toda esta assombrosa “revolução” muito atreita a equívocos e imprudências vem requerendo à generalidade das pessoas a aquisição de competências básicas na gestão da sua imagem pública, que não é mais do que a aplicação das mais óbvias regras do bom senso na gestão das relações interpessoais. Isso deve ser tomado como algo positivo.
Os medos e resistências ao fenómeno das redes sociais ou de auto-edição vêm lentamente diminuindo de intensidade ao mesmo tempo que a racionalidade se impõe à mistificação. O certo é que grande discussão e polémica aconteceram no último quartel do Séc. XIX por ocasião da vulgarização da máquina fotográfica, quando as pessoas comuns tinham medo de aparecer numa fotografia. E no final do Séc. XX toda a gente encarava com naturalidade ver o seu nome e morada descaradamente publicados em letra de forma na Lista Telefónica, o livro de maior tiragem e mais popular naquela época. A rede de  Mark Zuckerberg sendo essencialmente recreativa também tem o mérito de vir distribuindo algum entretenimento e companhia de modo democrático a muita gente, mais ou menos expansiva ou solitária.

 

PS.: Amanhã dia 24 às 22,30 estarei no programa Prós e Contras dedicado ao Facebook: dez anos depois o que terá mudado nas nossas vidasesta rede social?

 

PS 2.: Aqui está a minha curta intervenção ontem no Prós e Contras (logo ao início da segunda parte) Admito que assim isolada pareça leviana - não pude desenvolver algumas das ideias lançadas. Talvez problema do formato do programa, pareceu-me que o debate acabou sendo monopolizado por quem pouco percebe do assunto e talvez pudesse ter sido bem mais esclarecedor. Muitos terríveis fantasmas ficaram a pairar.

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publicado por João Távora às 20:13

Da privacidade nas redes sociais

Terça-feira, 06.08.13


A verdadeira estrutura da Internet – é sobre pessoas a conversar.”
Jeff Jarvis

 

Confesso que me fascina o tema da privacidade no contexto ao advento das redes sociais que vivemos por estes dias. No que ao assunto refere, numa sociedade securitária como a ocidental, cujos refinados mecanismos de controlo social atingiram o auge há algum tempo, são de ter em conta sensibilidades diferentes, acentuadas mais por questões filosóficas do que outras mal sustentadas.
Democratizado o acesso às múltiplas plataformas de auto-edição online, dos blogues à popular rede social Facebook, passando pela edição, arquivo e partilha de fotografia (Flikr ou Instagram) ou audiovisual (Youtube ou Vimeo), concedo que o mesmo não aconteceu com o bom senso do qual como se sabe cada um tem a sua noção e medida. Um problema de facto: para muitos utilizadores, o desafio acaba por estar em saber o que não se deve publicar (no sentido de por em comum) cuja norma depende do bom gosto de cada qual - que é coisa que aliás não se discute. Aqui chegados, é inegável que a revolução tecnológica a que hoje assistimos entregou ao cidadão comum ferramentas de comunicação com o potencial de competir ombro a ombro com qualquer produtora de televisão clássica. Assim como hoje em dia, um blogger qualquer, com arte e engenho pode facilmente constituir uma plateia de leitores mais numeroso do que aqueles que o seguiriam num jornal de referência.
Os milhões de gigabytes de conteúdos, em texto som ou imagem, que a cada hora são publicados por gente comum na rede mundial de informação digital, a simples geolocalização automática que as engenhocas portáteis proporcionam, transformaram o conceito de comunicação e definitivamente a própria Internet. Isso assusta muita gente que dificilmente entende a lógica deste enorme turbilhão de informação e criatividade humana em que vivemos… donde os melhores inevitavelmente sobressairão, livres de intermediações duvidosas. O desconhecimento promove mitos... e o medo é mau conselheiro. Citando o jornalista Jeff Jarvis em entrevista ao jornal Público em novembro do ano passado, "Até 1890 não havia discussão a sério sobre as questões legais de privacidade nos Estados Unidos e aconteceu por causa da invenção da câmara Kodak – as pessoas tinham medo que se pudesse tirar uma fotografia e aparecerem."
Tenho a impressão que hoje acabamos todos por ceder um pouco na privacidade para usufruirmos de mais liberdade. Sou dos que assina de nome completo as opiniões na net, e assume uma exposição bastante transparente nas redes sociais, onde não me coíbo de partilhar muita informação pessoal e profissional. E confesso que pouco me importo que o Google ou o eBay  “conheçam” os meus gostos ou o meu histórico de consumo.
Como refere Jeff Jarvis “Viver em público não mostra apenas que temos pouco a esconder; mostra que temos pouco a temer”, ademais, “quanto mais pública uma sociedade for, mais segura será.”
De resto um ribeiro continuará algures a correr indiferente, com a água borbulhando enremoinhada entre as pedras duma colina. O silêncio encontra-se sempre à distância de um interruptor, a serenidade dentro das paredes da catedral e um bom livro espera por nós na prateleira tal como a guitarra pendurada na parede.
Finalmente voltemos à questão da privacidade "perdida": não sei o que há quarenta anos passaria pela cabeça dos nossos avós, quando permitiam o seu nome e morada completa publicados em letra de forma no livro de maior tiragem e mais consultado à época: a Lista Telefónica. Eu, não me atrevo a tanto. 

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publicado por João Távora às 22:16

1 Minuto Online

Quinta-feira, 25.07.13

A cada minuto que passa, o universo online cresce...

 

Online in 60 seconds
Fonte: Qmee

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publicado por Hugo Salvado às 22:16





Editorial

Gostamos da palavra propaganda, termo velhinho que, simplificando, antigamente definia sem complexos o conjunto de técnicas para publicitar uma ideia. Com o tempo, o termo muito utilizado pelos políticos numa conturbada fase do Século XX resistiu mal ao desgaste pelo sentido que assim se lhe deturpou: como se, realçar as virtudes próprias ou dum objecto, não fosse ambição e atitude legítimas, praticada por qualquer ser humano psicologicamente equilibrado e socialmente integrado. Ler mais

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