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Um blogue sobre comunicação inteligente
Perfis sombra, o que são?
O fantástico mundo do social e do networking traz-nos vantagens imensas, meios de estarmos sempre contactáveis e em contacto com familiares, amigos, colegas, conhecidos, pessoas com quem partilham interesses, etc.
Se é óbvio que estas plataformas trazem vantagens ao utilizador, mais óbvio ainda se torna que as mesmas trazem grandes vantagens a quem as produziu e quem as gere.
Um dos exemplos é o chamado "perfil sombra" no Facebook.
Um dos meios aos quais as plataformas que guardam dados de utilizador recorrem para melhorar os conteúdos a apresentar ao utilizador é uma gestão das preferências, informações pessoais e histórico de navegação (ao nível de conteúdos e de hábitos), mostrando anúncios de acordo com temas que o utilizador consulta com maior frequência, artigos relacionados com esses mesmo temas, etc.
Mas, por trás, está um log detalhado da actividade e do comportamento desse utilizador, um registo sempre em evolução que, embora seja imperceptível à primeira vista (daí o nome "sombra"), permite à plataforma ter dados para ser inteligente na apresentação de conteúdos.
No caso do Facebook, é fácil registar quais os amigos que são mais próximos, com quais tem mais contacto, de quais costuma gostar mais e comentar mais conteúdos, etc.
Mas não é só a partir dessa informação que o "perfil sombra" é construído; as informações que os seus "amigos facebookianos" guardam, as mensagens que trocam, os dados que têm nas agendas de Gmail, Live, MSN, Skype e afins (se estiverem com login feito simultaneamente) permitem expandir consideravelmente a base de conhecimento de umas para as outras.
Que perguntas surgem imediatamente?
- Desde quando é que o Facebook faz isto?
R.: Desde cerca de 2007 que a empresa recolhe informação indirectamente, mas este tipo de catalogação existe desde meados de 2011. - Existem "perfis sombra" para utilizadores não registados?
R.: Embora faça sentido (e não fosse muito complicado recolher essa informação), o Facebook desmentiu até hoje guardar informação sobre utilizadores não autenticados. - Isto é legal?
R.: Nos EUA, sem dúvida que é e os "Termos e Condições" têm-no explícito; na Europa, há mais restrições sobre as quais a sede da empresa (na Irlanda) se tem debatido, estando a decorrer um processo que acusa o Facebook de, pelo menos, 7 violações de leis de protecção de dados e confidencialidade. - Quem tem Facebook, tem um "perfil sombra"?
R.: É altamente provável que sim, para não dizer que é certo que sim; a quantidade de informação guardada é que pode variar. - Devo preocupar-me?
R.: Mais do que preocupar-se, é importante preparar-se. Como qualquer pessoa que faz a gestão da sua privacidade com a família, amigos, conhecidos e estranhos, deve ter-se em mente que a Internet é um meio fortíssimo de propagação de informação... costuma dizer-se: "Uma vez na Internet, para sempre na Internet!"
Em relação ao recente caso do PRISM (projecto de recolha de informação pessoal em social media e plataformas online levado a cabo pelo Governo dos EUA), do caso de de Edward Snowden (ex-informático da CIA que expôs o PRISM ao público e agora é procurado pelos EUA por traição e espionagem) e da eventual divulgação de dados à NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), o Facebook desmentiu oficialmente que alguma da informação contida nos "perfis sombra" tenha sido passada a qualquer entidade, pública ou privada.
Ainda assim, e sabendo quantos perfis pessoais gerimos online e o quanto temos amigos que gostam de veicular informação pessoal, todo o cuidado é pouco na gestão da informação que queremos que se torne pública.
Fontes: Mashable | The Daily Dot | Best VPN Service.
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Ciber-Realismo e não Ciber-Utopia
Na semana passada fui convidado a dar uma aula aberta na Universidade Atlântica em Oeiras a um motivado grupo de alunos da área tecnológica. Abordei em geral o tema daquilo a que designei como Layer Social (não fui o primeiro a usar o termo, como é óbvio), ou seja o fenómeno (e não a tecnologia em si) do uso de plataformas e suportes na interacção entre pessoas e entre pessoas e marcas.
O saldo foi altamente positivo e, devo dizer, que a mensagem expressa que lhes deixei foi clara: é preciso, cada vez mais, uma noção de que a Web Social não é um maná para as marcas nem um tipo de remédio contra todas as maleitas daqueles que pouco socializam.
Os social media são um meio e não a substância. Não se pode dizer que a TV aumente as vendas de uma empresa. O que se pode dizer é que um bom anúncio de TV aumenta as vendas de uma empresa. O meio não importa tanto como o nosso conhecimento de como o utilizar em nosso benefício. Isto escapa a muita gente, na ânsia de querer estar e aparecer, mesmo antes de saber estar e de saber aparecer de forma inteligente.
Neste artigo do Economist, fiquei rendido à definição de Ciber-Realismo (oposta a Ciber-Utopia), termo que adoptarei daqui para a frente. Na realidade, foi essa a mensagem que tentei passar aos alunos e é essa a mensagem que eu penso que as empresas precisam cada vez mais de ouvir (e menos a de entusiastas que mostram a web social como a cura para todos os males!).
No fundo é simples: em 2009 quando o povo iraniano se revoltava nas ruas de Teerão, a web social era tão útil aos manifestantes para se organizarem como às autoridades na sua monitorização.