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Um blogue sobre comunicação inteligente
Como destruir uma marca
O anunciado novo “rebranding” da marca CTT em que desaparece o clássico cavalo, cinco anos depois de ter despendido milhares de euros numa outra ´parece-me uma aberração. É exemplo acabado da vertigem parola com que em Portugal, quando não se sabe mais o que fazer, se finge começar tudo do zero para parecer moderno e eficiente ou associar a ilusão a uma determinada “geração espontânea”. Acontece que uma identidade é essencialmente uma construção que requer tempo, e é a antiguidade que confere confiança (o valor mais precioso), seja às instituições ou às empresas. Uma marca com quinhentos anos só tem a ganhar em exibir um símbolo que remeta para a sua História. Este aparente delírio, que irá custar uma pipa de massa em montras, vinis e estacionário, é justificado pela gestão dos CTT com a pretensão de que deixando cair o cavalinho, o público percepcionará a diversificação de serviços em que a distribuição postal perde importância. Enganam-se: a empresa vai gastar uma pipa de massa apenas para prescindir duma mensagem de confiança. De resto não me venham dizer que o problema está na privatização do negócio: é mesmo fruto da endémica saloiice do país, que de refundação em refundação, a única coisa que tem conseguido preservar é a mediocridade.
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O nascimento (e a morte anunciada) do clickbait
Em primeiro lugar, o que é o clickbait?
Trata-se de um método de marketing que tem o intuito de captar a atenção por via de uma frase, um título, que apresenta parcialmente o conteúdo, mas apela à leitura do mesmo, criando suspense e uma atracção quase subliminar. Está, como se calcula, altamente associado a sites gratuitos (como o TáBonito, PTchan, BuzzFeed, ou mesmo o pioneiro Upworthy)
Este método de marketing confere (ou tenta conferir) uma grande importância, interesse ou relevância ao conteúdo, mas o que é facto é que raramente se dá o caso.
Exemplos:
- Este homem estava a ser ofendido, mas a resposta dele deixou todos de boca aberta
- As 5 regras de emagrecimento funcionam, mas a 6ª é que fez toda a diferença
- Nunca irás acreditar quem é a pessoas por detrás deste projecto único
Qual o objectivo do clickbait?
Simples… page views, page clicks, site rank, online ads. Todos estes sites são completamente gratuitos (embora "pejados" de publicidade), raramente têm uma equipa de redacção que ultrapasse as 2 pessoas (e que escreva algo que seja original ou, pelo menos, inédito), pelo que o único objectivo é a geração de receita via publicidade online, com a sua ciência, mas nada de transcendental ou muito elaborado.
Na verdade, a imprensa escrita também já faz isto há muito tempo, “convidando” os leitores a passarem da capa e das primeiras páginas para o resto da publicação, jornal, revista, ou outro formato; há até registos de clickbait tão antigos quanto 1922.
Em meados de 2014, o Facebook anunciou que iria combater o clickbait nos feeds de notícias mas, se o fez, os resultados práticos foram nulos ou imperceptíveis.
Em termos de mainstream de comunicação, é provável que o clickbait perca alguma expressão porque, de facto, todos os visados irão sentir (mais tarde ou mais cedo) que o mais notável é mesmo o suspense criado e que esse interesse gerado não é correspondido com o valor do conteúdo de desenvolvimento mas, sabendo que o target é o que é, o decréscimo há-de ser tão relevante quanto o da imprensa cor-de-rosa.
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O marketing e o Vaticano
Há ainda que não reconheça que "uma imagem vale mil palavras", mas esse não é o caso do Papa Francisco.
Com uma atitude completamente nova em termos de comunicação e imagem, temos recebido do Vaticano - e, nomeadamente, do Papa - frequentes lições de marketing e, claro, também de humildade, sinceridade e simplicidade que a TV (principalmente a de horário nobre) adora.
Ao que parece, o Vaticano está a dar todos os passos na direcção certa, até na tolerância com que encara o que lhe era estranho e desconhecido até há pouco.
Um exemplo disso é o mais recente tweet do Vaticano (sim, o Vaticano tem presença oficial no Twitter), apontando um pormenor de arte urbana (um graffiti de um artista que se intitula de "Maupal") em que o Papa aparece em pose de Super-Homem, com uma mala a dizer "Valores".
Simples, directo e eficaz na mensagem.
Li algures que: "os grandes actos espantam, mas os pequenos convencem".
O marketing não existe para se ganharem uns "aaah!" e uns "oooh!" de espanto, o marketing de hoje é um espelho dos valores de quem o faz, da indentidade de quem quer transmitir uma mensagem verdadeira.
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Ano novo, marketing novo?
O marketing tem tudo a ver com tendências, com trends, com as direcções que as pessoas tomam em termos de escolha... a futurologia daria aqui muito muito jeito.
Mas, se adivinhar é impossível, tentar não é.
A tecnologia veio alterar o marketing, aquele que no séc. XX tinha tudo a ver com promoções e descontos, com grandeza e confiança. Hoje, uma empresa de 3 pessoas pode não oferecer nada grátis (nem sequer usar a palavra) e revelar-se a melhor escolha/solução para um cliente multinacional e/ou de grande dimensão.
Então, o que mudou?
Numa frase, o marketing deixou de se focar na mensagem passada ao cliente, mas antes na experiência oferecida ao cliente ou, por outras palavras, em vez de se tentar captar a atenção, o novo objectivo é manter a atenção do (potencial) cliente.
As empresas (e as pessoas, no âmbito do seu marketing pessoal) têm de desenvolver competências de comunicação e não apenas delegá-las em terceiros, têm de saber exigir comunicação que sustente os seus valores e as suas verdadeiras qualidades e não apenas frases chamativas sem correspondência com o que têm para oferecer.
Para "atacar o mercado", há que ter presente que não se pode viver numa ditadura de números, que as estatísticas e métricas servem apenas de amostra para um universo que é sempre novo, a cada momento.
E para 2014?
Com o aparecimento das soluções open source (código-fonte aberto e disponível para todos) e freemium (versão base gratuita, com upgrades e desevolvimentos pagos) uso de big data (estudo e análise de grandes quantidade de dados) e soluções de cloud storage e cloud computing, qualquer empresa de qualquer dimensão pode criar o seu ecossistema de funcionamento (como se organiza, como se define e quais são as suas ferramentas de trabalho, em que mercado vai competir, com quem vai competir, etc.)... decisões entre Microsoft Office vs Open Office, SalesForce vs Podio, escritório físico vs escritório virtual, entre tantas outras, são para todos e exigem conhecimento, informação e capacidade de decisão.
O novo ano vai acentuar a tendência da democratização do acesso a informação, plataformas, ferramentas e soluções que, por sua vez, democratizam a presença das pessoas e das empresas nos mercados em que se inserem, seja a um nível pessoal ou profissional.
Em 2014, o duplo significado de "experiência" (a que já se adquiriu e a que se experimenta a cada momento) será fulcral, para todos e cada um.
Ou, como Greg Satell diz: "E é assim que as revoluções ganham força, não pelos líderes ou até ideias, mas quando o mais comum dos homens começa a imaginar que poderia ser rei."
Fontes: DigitalTonto (1) | DigitalTonto (2).
Frase original de Greg Satell, autor do DigitalTonto: "And that’s how revolutions gain their power, not from leaders or even ideas, but when ordinary men begin to imagine that they could become kings."
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Alcunhas nas camisolas
Quando o marketing é levado a sério, como uma ferramenta que pode fazer a diferença, surgem ideias loucas que acabam por ver a luz do dia, como esta que a NBA está a considerar.
É sabido que os desportistas têm, entre si, uma panóplia de alcunhas que usam todos os dias… podem até nem ser as mesmas durante toda a carreira (raramente o são) e podem nem ser as mesmas durante uma época; basta um evento marcante (em jogo ou treino), basta uma transferência para uma nova equipa, basta algo no dia-a-dia de um profissional do desporto.
E, claro, as alcunhas não são só para os jogadores.
Atenta a este facto e ao quão próximo da vida dos jogadores andam os mais fervorosos adeptos, a NBA equaciona agora deixar as equipas usarem um uniforme em que, em vez do nome do jogador nas costas, apareça a alcunha pela qual ele é conhecido.
É de doidos!
Mas, claramente, é muito bom (marketing).
Edições únicas de camisolas vão aparecer para venda, miúdos (e graúdos) irão vesti-las e dizer: “eu estava lá quando o Derrick Rose usou a camisola a dizer Poohdini!”
Mas este tipo de iniciativas não é novidade na NBA.
Bem conhecedora do facto da população hispânica ser fã de basket, há muito que as equipas usam regularmente uniformes totalmente em espanhol, com logótipos adaptados.
Em Chicago, os Bulls equipam de verde no St. Patrick’s Day há já vários anos e, na loja, as camisolas vendem muito bem (eu bem sei, tenho uma do tempo do Ben Gordon!)…
No que diz respeito a esta ideia das alcunhas, em toda a NBA já se pergunta o que iriam os jogadores escolher e usar.
De entre os mais conhecidos, LeBron James deverá usar o comum “King James”, Kobe Bryant poderá ser “Black Mamba”, Kevin Durant será “Durantula”, Ray Allen já disse que usaria “Shuttlesworth”, referente ao personagem que interpretou em “He Got Game” (onde contracenou com Denzel Washington); Paul Pierce também não surpreendeu ao escolher a sua alcunha comum, “Truth”.
A nova proposta veria, por exemplo, os Chicago Bulls a equiparem com:
- #1 Derrick Rose – “Poohdini”
- #9 Luol Deng – “Loooie”
- #13 Joakim Noah – “Sticks”
- #5 Carlos Boozer – “C-Booz”
- #12 Kirk Hinrich – “Captain Kirk”
- #21 Jimmy Butler – “Tomball”
- #22 Taj Gibson – “Tagy-woo”
Bom marketing, sem dúvida.
Se aparecer uma camisola do Michael Jordan (claro que seria com um “Air” por cima do 23, nas costas), ainda penso no assunto.
Fontes: NBA.
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Como ser um melhor 'digital marketeer' em 10 passos
Todos sabemos de marketing... todos sabemos o que é melhor para nós mesmos em termos de imagem e comunicação... todos temos opinião sobre cores, formas e formatos. Certo?
Um dos adversários do bommarketingé o senso comum de quem não está preparado para "fazer diferente para ter resultados diferentes".
Simplificando, e como uma imagem vale mil palavras...
Fonte: Lyubcho.
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Ofensa ao design... o novo logótipo do eBay!
Há algumas semanas que o eBay anunciou o seu novo logótipo. E, com ele, um turbilhão de opiniões logo surgiu...
A primeira crítica foi: "O novo logótipo não tem a particularidade que o original tinha, é absolutamente comum." Verdade.
Logo depois, várias publicações de design e grafismo sugeriram que o logótipo tem erros conceptuais, sendo que o mais visível é o kerning (espaçamento entre letras) ser negativo e haverem pequenas sobreposições entre as letras, tão pequenas que parecem defeitos.
Mas, num mundo (a América, ou melhor, os Estados Unidos da América) onde a imagem vale tudo, a crítica não bastou.
Houve propostas de melhoria, concursos, votações... porque o maior (e quase único) site de leilões do mundo pode ser tudo menos comum (será?!) ou banal (mesmo?!).
Por exemplo, a 99 Design lançou um concurso e pôs o seu "top 25" a votação. Mesmo assim, após essa publicação, ainda houve quem não estivesse completamente satisfeito, como a Business Insider, e publicasse a sua sugestão de mais 15 designs alternativos.
Do lado de dentro (do eBay), o contraste era dado pelo presidente, Devin Wenig, que apontou à simplicidade quando apresentou o novo logótipo como um esforço de a empresa se reinventar ao fim de 17 anos e criar "um novo eBay".
Não só pelo logótipo, mas também por inovações feitas na navegação e no "my eBay" (página pessoal de cada utilizador), Wenig reforçou a ideia de um site “mais limpo” e “mais consistente” do que no passado; para ele, as letras simples e directas reflectem isso. Manter a palette de quatro cores era essencial, por representar a comunidade de visitantes (compradores e vendedores), que ele considera ser uma comunidade “conexa e, diversa”.
Seja pela fidelidade à imagem da marca, seja pela publicidade que atraiu, esta mudança foi um sucesso total... ou, como dizem os americanos: "there's no such thing as bad publicity!"
Fontes: ContentEqualsMoney | 99 Design | Business Insider | Mashable.
Imagens: eBay (originais) | 99 Design (propostas alternativas).
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Branding... simplificado em cinco passos
A palavra "branding" é dos estrangeirismos (anglicanismos, para ser mais exacto) que melhor se ajustam a um conceito relativo a marketing. Trata-se, tão somente, de fazer ajustar uma imagem de marca (ou "brand image") à sua identidade.
Simples... só conceptualmente.
O processo é habitualmente moroso e iterativo, dado que a entidade/empresa visada tem sempre a intenção de se fazer apresentar no seu melhor, de passar uma imagem atractiva do que representa, do que são os seus valores e objectivos, um pouco como uma mulher quando selecciona a sua maquilhagem. Mas o “branding” é muito mais do que eye-liner e baton, é muito mais do que a escolha da roupa... implica uma coerência entre aspecto exterior e conteúdo.
O bom "branding" é fiel, claro e caracterizador, traduz para o consumidor ou (potencial) cliente a verdadeira identidade de quem se apresenta, seja num flyer, num outdoor, num website ou num cartão de visita.
Existem inúmeras soluções possíveis para o tratamento de "branding" de uma marca (e/ou sua re-criação - "rebranding") e, como Alina Wheeler - uma conceituada brand consultant norte-americana - refere no seu livro "Designing Brand Identity: An Essential Guide for the Whole Branding Team", o processo até pode ser simplificado e decomposto em cinco passos:
- Fazer pesquisa/investigação
- Clarificar a visão, estratégia, objectivos e valores da entidade;
- Investigar necessidades e ideias dos stakeholders;
- Auditar marketing, concorrência, tecnologia, liguagem;
- Avaliar as marcas existentes no mercado;
- Apresentar os resultados destes estudos.
- Clarificar a estratégia
- Sintetizar os resultados obtidos;
- Tornar clara a estratégia;
- Desenvolver um posicionamento;
- Colaborar na criação das características da marca;
- Resumir o significado da marca;
- Criar uma estratégia de nomenclaturas/termos a usar;
- Desenvolver uma frase-chave (slogan);
- Resumir o conteúdo criativo da marca.
- Desenhar a identidade
- Projectar a identidade no futuro;
- Fazer o brainstorm de uma ideia central;
- Explorar aplicações da nova identidade;
- Obter aprovação da entidade.
- Criar pontos de contacto
- Finalizar o design da nova identidade;
- Desenvolver olook-and-feel(usabilidadevsaspecto);
- Preparar protecção de direitos de autor;
- Desenhar aplicações de design da nova identidade (testes de conceito);
- Aplicar a arquitectura da marca (design, formatos, estacionários, etc.).
- Gerir as características/qualidades
- Criar sinergias com a nova marca (produtos, comunicação, etc.);
- Desenvolver estratégia de lançamento de produtos;
- Lançamentos internos da nova marca;
- Lançamentos públicos (externos) da nova marca;
- Desenvolver standards;
- Realçar e criar enfoque nos aspectos (e resultados) mais positivos de todo o desenvolvimento.
Esta checklist deve servir para lembrar que o "branding" é muito mais do que um mero logótipo, jogo de cores ou estilo de letra.
Como em tantos outros processos, a sua adopção não é garantia de sucesso, mas a inobservância de alguns princípios básicos nela contidos é, muito provavelmente, garantia de insucesso.
Manter sempre presente: ética/integridade - estratégia/planeamento - acção/comunicação.
Fontes: LogoDesignLove | @issue | David Airey (blog)
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O melhor de dois mundos... e não três!
É uma verdade do mercado, a existência de compromissos.
Sem dúvida, é uma verdade para o design gráfico, mas também pode ser transportado para muitíssimas outras áreas e âmbitos, o dizermos que podemos ter o melhor de dois mundos... mas não de três.
Como resolver/contornar o problema?
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Visão... Aquisição... Percepção...
Somos animais de hábitos.
A cada momento, vemos, adquirimos (a informação), percebemos (na medida do nosso conhecimento) e aprendemos.
Com a repetição do processo, vem a habituação e rapidamente a aprendizagem se faz do modo mais fácil para o nosso cérebro, o qual muitas vezes "toma atalhos" para mais depressa chegar ao final do processo, deixando de parte detalhes considerados irrelevantes ou apenas menos importantes.
Visualmente, existem vários exercícios que nos comprovam que o cérebro realmente percorre esses atalhos sempre que pode e, com alguma frequência, nos "ensina" algo que é aparente e não real.
Um exemplo é a imagem abaixo.
Se, com os olhos, seguirmos o movimento do ponto cor-de-rosa que desaparece, conseguimos ver um conjunto de pontos cor-de-rosa em que um deles desaparece em sequência rotativa.
Mas se, em alternativa, olharmos fixamente para a cruz que está no centro, ao fim de alguns segundos não vemos nenhum ponto cor-de-rosa, mas antes um painel cinzento onde, à volta dessa mesma cruz, viaja um ponto verde em círculos.
Na verdade, o ponto verde não existe.
E também, os pontos cor-de-rosa estão sempre lá!
É interessante vermos como funciona a ligação olho-cérebro e como este último faz sobrepôr as suas regras e entendimentos, qual direito de preferência (ou de veto) em relação ao processo de aquisição de informação.
Duas lições a tirar:
- Nem sempre o que vemos é o que realmente existe/acontece;
- Para que possamos ver a realidade, nada como mudar de ponto de vista.
Para quem faz marketing, este conceito é fundamental: o apelo à sugestão.
Muitas vezes, esse apelo é cultural, é semântico, é visual, sugerido por uma mensagem entregue de forma explícita ao consciente de quem é visado. Outras vezes, de uma forma mais rebuscada e subtil, o apelo é feito ao sub-consciente, sem que sejam necessárias contextualizações ou enquadramentos... e assim, ficando muito mais marcada como "verdade" do que como "representação" ou "reprodução".
Fonte (imagem): Mighty Optical Illusions