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Resistir até à morte

Segunda-feira, 07.04.14

 

Já por diversas vezes abordamos as virtudes e virtualidades das redes de media-social no âmbito da facilitada tarefa de auto-edição, seja em texto, imagem ou audiovisual, e a ameaça que essas plataformas vêm representando para os media tradicionais de quem acabam por ser concorrentes.

Um dos mais bem-sucedidos casos é sem dúvida o Youtube que, com enorme sucesso global, vem desviando público e receitas publicitárias às televisões, através de uma radical alteração de paradigma na produção e distribuição de conteúdos, que desta forma vem sendo democratizada de forma dramática.

Irónico é verificarmos como os media tradicionais, apesar de pressionados com a queda das receitas publicitárias de um modelo claramente em declínio, resistem aderir à web 2.0, agora que vivemos a web 3.0, ou “web semântica”, virada para a experiência de utilização e para os condicionalismos do meio (localização do utilizador, equipamento utilizado, design líquido, etc.).

Feita uma análise aos “players” de internet das principais operadoras de TV nacionais, para lá de não estarem devidamente adequados aos dispositivos móveis, é curioso verificar como persistem na tentação de segurar o visitante dentro dos seus pesados websites, talvez devido a alguma absurda política de branding, ou quem sabe por um inadequado modelo de exploração publicitária ou de cross selling do material neles disponibilizado numa coerência editorial própria.

Com esta estratégia de custos incalculáveis, a disseminação viral dos vídeos é reprimida, coisa que não parece fazer sentido, a partir do momento que é tão fácil reproduzir a fórmula do Youtube, em que cada “filme” é rentabilizado por um anúncio nele integrado, estando o mesmo munido de um sistema de análise estatística e de botões emissores de códigos para facilitação de partilha em diferentes contextos web externos, como blogs, sites, e toda a sorte de redes sociais. Mesmo aqueles sites como o da RTP que disponibilizam botões de partilha, exceptuando o caso do código para o Facebook, exigem a contextualização do conteúdo “dentro de portas” através de um URL.

Esta estranha política, que não sendo causada por limitações técnicas, só se explica por uma enorme dificuldade dos media tradicionais fazerem o "paradigm shift" (mudança do paradigma), fenómeno que afinal vem potenciar toda a pirataria feita pelos utilizadores das plataformas social media como o Youtube, que pelas razões já enumeradas permitem potenciar a viralidade desses conteúdos dando-lhes asas.

Certamente que o factor de custos mais pesado na indústria do audiovisual é a criação de conteúdos. Ou seja, os grandes grupos de comunicação desenvolvem e possuem a matéria-prima, para depois descurar a sua difusão, e por consequência na sua rentabilização. Fará sentido resistir assim teimosamente até à morte, ou será que ainda pretendem um dia destes reivindicar subsídios ao Estado?

 

 com Hugo Salvado

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publicado por João Távora às 09:36

Pagar para ver

Domingo, 08.09.13

 

A exploração de um canal temático de televisão contém riscos e potencialidades que exigem uma gestão muito profissional, mais a mais no âmbito da indústria do futebol, tema que como sabemos “comove” milhões de adeptos e move milhões de euros.
No que diz respeito a um canal explorado por um clube “a solo” concorrendo no mercado da televisão em regime de “pagar para ver”, por muitos e bons conteúdos que se contratualize em exclusividade, os seus riscos aumentão exponencialmente, porque o sucesso estará sempre restrito ao número dos seus apoiantes com entusiasmo e meios para o subscrever. Nesse sentido, o êxito da empresa será sempre refém do sucesso desportivo do emblema. Ou seja, a somar aos exigentes desafios duma boa gestão operacional e comercial, o projecto arrisca-se a ser comprometido por uma bola no poste, um fora de jogo mal assinalado ou a má forma de um atleta. Se a vertigem da sorte é a alma de qualquer jogo, essa característica pode ser mortífera para um projecto empresarial. Também por isto temo que o Canal Benfica resulte num mau negócio. 

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publicado por João Távora às 18:35

Videogenia

Sábado, 22.06.13

O futebol de salão é um verdadeiro fenómeno de videogenia: rápido, quase alucinante, com muitos golos e invulgar animação das bancadas. As audiências alcançadas pela RTP com as transmissões dos jogos "play-off" entre o Sporting e o Benfica que este ano já chegaram a atingir 700.000 espectadores, comprovam o seu alto potencial para um excepcional retorno no investimento publicitário.

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publicado por João Távora às 16:26

A televisão no YouTube

Segunda-feira, 03.06.13

Como já aqui tínhamos falado, a televisão vai mesmo mudar. Com a massificação de aparelhos com acesso permanente a Internet móvel de banda larga, a quantidade de conteúdos multimédia que fica acessível a um telemóvel, tablet PC ou portátil é enorme.

Por outro lado, as televisões que temos em casa são cada vez mais LCDs, TFTs, LED TVs e afins, que fazem muito mais do que "subir canal" e "baixar canal" e que têm já quase obrigatoriamente uma ligação de rede (por fio ou wireless).

Dois ingredientes adicionais que o mês de Maio nos trouxe:

  • o YouTube lançou a sua versão portuguesa e a Zon foi o primeiro anunciante [link];
  • o YouTube (global) lançou os primeiros canais de subscrição por $0.99 / mês [link].

Para todas as pessoas que se questionam para que servem os cento-e-tal canais da grelha quando só usam uma dezena deles, estas duas notícias são um óptimo aperitivo para o que aí virá.

YouTube.pt

 

Cada pessoa, cada lar, poderá finalmente desenhar a sua grelha de canais a custos realistas, de acordo com o seu interesse e disponibilidade financeira.

Então, o que falta para termos a nossa própria grelha de TV digital (via serviço de Internet) onde quer que estejamos?
Pouco, falta pouco... faltam os acordos entre as empresas que gerem os direitos televisivos de transmissão.

 

Fontes: BBC | The Verge | Público | Jornal de Negócios.

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publicado por Hugo Salvado às 11:15

Desporto no YouTube, a ponta do icebergue

Segunda-feira, 17.09.12

Tal como aqui falámos, a televisão vai mudar muito nos próximos tempos. O fácil acesso a banda larga (quer em dispositivos fixos, quer móveis) permite aceder a vídeos e conteúdos audiovisuais de um modo simples e intuitivo.

A pergunta imediata é: porque não ter televisão em directo?

 

YouTube Love Football

 

Depois do lançamento do canal "LoveFootball" no início de Setembro, onde já estão os resumos dos principais campeonatos da Europa, o passo seguinte é a transmissão em directo. Com os primeiros passos a serem dados na Alemanha e na Austria (parceria com a cadeia Sky), em breve teremos subscrições pagas via YouTube em vez dos operadores convencionais de televisão.

Por cá, SportTV e Olivedesportos que se cuidem.

Depois do desporto (a par do sexo, são as "indústrias" que mais dinheiro movimentam em audiovisual), espera-se que os canais generalistas se sigam, mudando assim todo o paradigma da TV, do seu marketing e publicidade.

 

Fontes: Público | Marketing Week | RapidTV | YouTube Blogs.

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publicado por Hugo Salvado às 23:45

O caso RTP ou o canto do cisne da televisão generalista

Domingo, 02.09.12

É curioso como o editorial de hoje do Público sobre o imbróglio da reforma da televisão pública, dedica todo o primeiro parágrafo a um exercício de sentimentalismo nostálgico, na recordação da velha televisão a preto e branco, a enternecedora mira técnica ou até as adoráveis avarias que se justificavam com o slide de pedido de “desculpas por esta interrupção”. Esta abordagem é indicadora como o tema se entorna tão facilmente e a discussão se embriaga num processo de total irracionalidade. Talvez em consequência disso não é de estranhar que os mesmos que nas redes sociais vituperam os vícios do regime, reclamando por uma nova ordem e transparência defendam o status quo duma RTP que desde da sua fundação assumiu o papel de guarda pretoriana dos regimes que se sucederam e que nos trouxeram por este caminho.

Acontece que também eu prefiro um modelo de serviço público de televisão, cujas audiências suspeito dificilmente descolariam dos 3% do canal dois, inviabilizando-se assim a sua exploração comercial. Deste modo, “a minha RTP” teria que se cingir às receitas da Taxa de Audiovisual e sem mais recursos promover na sua grelha reportagens, noticiários e debates isentos; e preencher o horário nobre as melhores produções de música, teatro e cinema mundiais. Enfim, um capricho meu, uma utopia.

Finalmente, parece-me que este debate não deveria evitar o verdadeiro busílis, que julgo esteja na origem da excitação que o assunto provoca nos principais operadores televisivos e respectivos grupos de média: o imparável declínio do actual modelo de distribuição de conteúdos, mais desastroso na televisão generalista, e a notória incapacidade deles se adaptarem às novas fórmulas de consumo. Para o bem e para o mal, a geração dos nossos filhos universitários já não se senta a ver televisão. Na internet ou nos canais temáticos, pesquisam, assinam e consomem os conteúdos, os filmes, séries e músicas que lhes apetecem a cada momento: não há mais como se lhes impingir qualquer menu pré-estabelecido, de lhes vender uma verdade. E isso é bom.

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publicado por João Távora às 19:57

DogTV, televisão para cães

Quinta-feira, 26.04.12

O mundo da televisão, apesar de parecer ter tudo, está em constante evolução, re-inventando-se a cada dia. Isso é verdade ainda hoje, quando parece haver menos espaço para a verdadeira originalidade, para a inédita criatividade.

Acaba de ser inaugurada a DogTV, a primeira televisão, como os próprios dizem, "para caninos e para os humanos que deles mais gostam".

Em emissões ininterruptas 24/7, a grelha da DogTV propõe-se a "ajudar a estimular, entreter, relaxar e habituar os cães com programas que os exponham a vários movimentos, sons, objectos, experiências e padrões comportamentais, sempre do ponto de vista do cão".

A programação inclui pequenos segmentos de 3 a 6 minutos, sempre com três temáticas intercaladas:

  • descontracção - período de programação com cenas e sons da natureza (acompanhados de música calma), onde homem e cão interagem de um modo calmo e pacato,
  • estimulação - período de programação onde o cão é o centro da atenção (já com música com mais dinâmica), com cenas de actividades de vários cães, em interacção com pessoas em ritmo de brincadeira, e
  • exposição - período em que se apresentam situações do dia-a-dia de cães de várias raças, bem como sons e imagens que estimulam os cães de um modo único.

De notar, ainda, o facto de haver uma alteração nas cores da emissão, a qual visa um ajuste à visão canina. Embora a imagem possa parecer saturada, não se trata de um defeito ou insuficiência técnica, mas sim de um processo estudado que cai de encontro ao espectador principal, o cão.

Por enquanto, não estão definidos períodos de publicidade ou de um "horário nobre", mas com a evolução do canal, essas situações estão previstas.

Ainda em emissões experimentais, apenas na grelha de televisão por cabo da zona de San Diego, a DogTV vai estar disponível também em stream de vídeo online em www.dogtv.com e terá um custo de $4.99 (aproximadamente €3,80) por mês.

 

Fonte: P3 - Público

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publicado por Hugo Salvado às 21:00

A televisão vai mudar... só para quem quer!

Terça-feira, 10.04.12

Na esmagadora maioria dos lares portugueses, entre as 19h00 e as 23h00, a televisão está ligada todos os 7 dias da semana... nesse "horário nobre", entram pelas casas adentro conteúdos criteriosamente seleccionados pelas Direcções de Programas da RTP, SIC, TVI, bem como outros canais que disputam 2% do share, já que os outros 98% estão perfeitamente atribuídos, embora diferentemente distribuídos.

Estes conteúdos incluem a programação e, como é claro, uma "fatia larga" de publicidade (para referência, e incluindo a auto-promoção e publicidade institucional feita por cada canal, por cada hora de programação, a TVI ocupa cerca de 37% do seu tempo com publicidade, a SIC ocupa cerca de 36%, a RTP1 ocupa perto de 25% e a RTP2 ronda os 2%).

 

 

Se a esmagadora maioria da população aceita a "boa escolha" feita por terceiros e deixa a televisão num canal durante toda a soirée, há uma crescente minoria que, além de já se informar com recurso a sistemas interactivos online (como sejam sites específicos, mecanismos de RSS, social media, blogues, fóruns, etc.), procura já conteúdos multimédia, e não apenas textuais, que preencham os seus interesses didácticos, informativos, de lazer, entre outros.

A televisão convencional já não serve! 

Para os que não deixam que escolham por eles (pelo menos, em permanência),  para os que escolhem o que querem ver, até pode estar desligada a televisão, que não faltarão bons conteúdos audiovisuais para ver e ouvir. 

Para quem sabe os conteúdos que quer ver, para quem os sabe seleccionar, são os PCs, notebooks e netbooks, tablets e smartphones que "oferecem" o ecrã para um verdadeiro video-on-demand (ao contrário do que seria suposto termos nos serviços de televisão por cabo). Todos conhecemos plataformas como o YouTube ou o Vimeo e é de crer que será nelas que existirão os canais de televisão do futuro.

Se é verdade que os "mega-sites" das empresas de televisão têm os seus conteúdos disponíveis (ainda que com algumas restrições), também é verdade poucos investirão tempo a andar de site em site à procura dos conteúdos relevantes ou do seu interesse. Todos esses sites têm uma organização, categorização e navegação diferentes, e torna-se pouco prático/interessante estar a "aprender" a bem navegar em cada um deles.
Tal como aconteceu (e ainda está a acontecer) neste "advento do social media", o que faz sentido é ter um local, um site, uma plataforma, algo que sirva de aglutinador de conteúdos, sejam estes "em directo" ou "de arquivo".

 

 

Como seria de esperar, o YouTube já deu o primeiro passo; após vários eventos transmitidos em live streaming para grandes audiências e à escala global (ex.: casamento do Príncipe William e Kate Middleton com mais de 100 milhões de pessoas, discurso de tomada de posse de Barack Obama com 70 milhões), passou a estar disponível a extensão YouTube Live para qualquer entidade (individual, empresa ou outra organização) que queira dar acesso a conteúdos ao vivo.

No final do mês passado, esteve pela primeira vez "no ar", no YouTube, um programa de comédia gravado ao vivo, uma produção do "My Damn Channel", sem qualquer tipo de restrição de acesso. Estamos a falar de múltiplas câmaras, num palco, com emissão regular (repito: regular!) em directo para TV e YouTube.

O superlativo (comercial, diga-se) está disponível desde hoje, 10 de Abril de 2012, e consiste na possibilidade de se criarem e oferecerem ao público acessos pay-per-view, monitorizados nativamente no YouTube, com estatísticas detalhadas (ao nível de analytics).

Ou seja, já tudo foi inventado e, no fundo, voltámos ao início, a uma espécie de início. Aproveito para usar uma expressão tipicamente americana que creio enquadrar-se bem: "the video broadcast has come full circle!"

Neste novo contexto, não parece haver nada que os serviços de televisão convencional possam oferecer que os serviços/plataformas online não possam igualar ou mesmo ultrapassar (em termos de programação, qualidade de vídeo, resolução Full-HD ou superior, legendas, comentários, partilha de conteúdos, selecção de playlists, arquivo de conteúdos para ver mais tarde, acesso a conteúdos seleccionados de acordo com as preferências, subscrições ou análise do histórico de visualização, etc., etc., etc.).

Para claro que a televisão vai mesmo mudar... vai mudar-se para o YouTube

 

Fontes: MediaMonitor (estatísticas TV)  |  Digitalmedia Wire  |  GigaOm

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publicado por Hugo Salvado às 19:45





Editorial

Gostamos da palavra propaganda, termo velhinho que, simplificando, antigamente definia sem complexos o conjunto de técnicas para publicitar uma ideia. Com o tempo, o termo muito utilizado pelos políticos numa conturbada fase do Século XX resistiu mal ao desgaste pelo sentido que assim se lhe deturpou: como se, realçar as virtudes próprias ou dum objecto, não fosse ambição e atitude legítimas, praticada por qualquer ser humano psicologicamente equilibrado e socialmente integrado. Ler mais

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